domingo, maio 07, 2006




Agora os volumes das nossas memórias empilham-se no chão, cobertos de pó e de teias de aranha. Os acontecimentos do meu passado contigo, escritos nesses volumes de folhas amarelas e gastas, não têm contornos precisos, estão esfumados, como se os nossos momentos tivessem sido uma simples sucessão de ilusões, de imagens fugazes, de assuntos que nunca compreendi, ou que só compreendi em parte. Já não te sinto com características precisas, para mim já não és nem definível, nem real. Agora vejo-te e vejo a nossas recordações como se vêem os caminhos do campo ao entardecer, quando as sombras dos chorões enganam a vista e a paisagem não parece mais do que um sonho. É verdade que ainda hoje tenho a marca da tua mão no meu carácter e que ainda hoje me alimento das histórias que tu me contaste; porque a tua presença significou demasiado e a tua ausência foi sentida como um vento de catástrofe, que me levou ao luto e me ensinou a ter medo; mas a tua sombra já não paira em mim como dantes - há muito tempo que o meu amor por ti se entregou à morte, e foi com entusiasmo, porque ele sentia uma grande curiosidade em ver o céu outra vez.

4 comentários:

Anónimo disse...

É só uiri uiris.

MuzzyDreamer disse...

lindo... ;)

Anónimo disse...

Simplesmente fantástico!

1beijo

DaWhite disse...

Olá lindinha!!! Há tanto que não te "via". Continuas com a magia nas palavras e o coração cinzento... Toma beijinho com amigos