"Se queres ver o Mundo inteiro à tua altura
Tens de olhar para fora, sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se às duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanso, está ao teu alcance, tens de o reencontrar"
Na terra dos sonhos, Jorge Palma
Abandonada me perdi, e me tornei a encontrar.
Dilacerada, prostrada, quebrada, acabada, desnuda e sem pudores.
Alma a descoberto, corpo cansado da guerra, da luta, da falha.
De lutar sempre, por tudo o que quero e que preciso, pelas amizades, pelos amores
Fazer da luta uma bandeira, das perdas a minha glória, da vida a minha batalha.
Me encontrei e me perdi, vezes e vezes sem conta, tempo perdido na busca dos olhares.
Teimosa mergulhei fundo, em direcção ao infinito, a ti, ao mundo, à vida que me falha...
Fui ao encontro da vida com tanta força, tanta paixão, tentando viver cada dia como se fosse o último, como se não houvesse amanhã, desenfreadamente, exclusivamente, sedenta, esfomeada, ansiosa, demente.
Tropecei nela, fui atropelada, levantei-me e caí de novo, caí uma e outra vez,
Não desisti! Continuei lutando, quase sempre sózinha, às vezes na companhia dos amigos, do companheiro, do namorado.
Lutei sempre, tudo em que me meti é luta, nada veio dado de bandeja...graças a Deus, por isso, hoje sou mais forte, mais eu, mais gente, mais dura, mais lutadora ainda, mais inteira
Fragilidade? Muita! Mas raramente a mostro, para quê? Já vi que se a mostrar, fico aberta, vulnerável, fragilizada, enfraquecida, esgotada...só a mostro a quem quero e quando quero.
Para alguns sou fria e distante, para outros convencida e arrogante.
Para quem me conhece? Triste, magoada, viva, frágil, tentando ainda juntar os pedacinhos daquilo que dizem ser o centro das emoções, e que algumas coisas irresponsavelmente e cruelmente partiram e pisaram.
Mas vou conseguir, cada pedacinho que colo é mais uma vitória, mais uma certeza que vou conseguir estar completa novamente, que vou poder erguer a cabeça e os ombros de novo, levantar o nariz e ir em frente.
Por muito que "lutem" contra isso, eu vou sim conseguir...
Este castelo de areia é simples...Mas é meu. E sendo meu, a única coisa que me resta fazer é protegê-lo. E construir a cada dia que passa, uma nova torre.
Às vezes é tudo tão dificil por aparentemente ser fácil.... ter que contornar não só os obstáculos visiveis como os invisiveis tendo como guia o nosso já tão manipulado instinto... que se deixa ludibriar por lindas construções de areia que toda a gente sabe que mal bate o mar estas desmancham-se, mas mesmo assim caimos na asneira de querer habitá-las, dar-lhes uso... rio-me da fraqueza humana, da minha fraqueza, das nossas fraquezas...
Mas a partir de amanhã é o dia em que me começarei a rir das minhas vitórias...cada uma...dia após dia...
Posso cair mil vezes...mil vezes me levantarei. Podem condenar outras tantas...mas eu arranjarei forma de me libertar...A vida pode até não me dar a escolher...mas aínda assim a última opção será a minha...
Chora-me, mas não acredites. Porque se eu morrer aqui, foi sem querer. E hei-de ter muita pena. Mãe, não quero morrer aqui! Não quero morrer aqui...e não vou morrer aqui...neste tempo e lugar que eu não escolhi...
Faltam-me argumentos para um final feliz....e como vou levar a vida toda a encontrá-los...a vida toda começa hoje...
Mas vou encontrá-los....
"Andava eu sem ter onde cair vivo..Fui procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor..Ai de mim não era nada daquilo que eu queria..Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior...
Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar"
Na terra dos sonhos, Jorge Palma


